Uma catástrofe evitável sob a mira da manipulação: Roda Viva ao entrevistar Leite ignora questão sobre motores roubados de comportas e não toca em falhas no sistema anti-enchentes no RS

No programa “Roda Viva” da TV Cultura, exibido na noite de segunda-feira (20), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), não foi questionado sobre o roubo de motores das comportas e falhas no sistema de bombas de Porto Alegre. Em vez disso, o debate se concentrou em temas ambientais, incluindo a atualização do código ambiental estadual.
Durante a entrevista, Leite afirmou que a reforma das normas ambientais não foi uma flexibilização, mas uma atualização para alinhá-las com as leis federais. No entanto, não houve perguntas diretas sobre o sistema de prevenção de alagamentos da capital gaúcha, que se mostrou ineficaz durante as recentes chuvas.
Porto Alegre possui 14 comportas e 23 bombas de sucção para controlar o nível da água, evitando enchentes até a cota 6 (6 metros acima do nível do mar). Na última enchente, que não atingiu esse nível, defeitos nas comportas e bombas deixaram a cidade vulnerável. Vários motores foram roubados e não substituídos, e apenas 4 das 23 bombas estavam operacionais durante as chuvas.
Apesar da gravidade da situação, os entrevistadores não perguntaram por que o governo de Leite não reparou ou modernizou o sistema de comportas e bombas. Também não questionaram sobre o custo e a razão pela falta de reparos após as enchentes de 2023.
Em resposta a perguntas gerais sobre a preparação para enchentes, Leite atribuiu os problemas à quantidade extraordinária de chuva e às limitações herdadas de gestões anteriores. “Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para mitigar os impactos, mas lidamos com condições limitadas que vêm de outras administrações”, disse.
O professor Fernando Dornelles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), criticou o sistema em entrevista, afirmando que ele se provou ineficaz e vulnerável às chuvas intensas. “As partes móveis, como comportas e bombas, falharam, permitindo a entrada de água. Precisamos investigar se isso foi negligência ou falta de planejamento”, comentou Dornelles.
A entrevista no “Roda Viva” evidencia um padrão comum entre Eduardo Leite e o presidente Lula: ambos evitam responsabilizar seus governos pelos erros, preferindo culpar as mudanças climáticas e gestões anteriores. Essa estratégia de desviar a culpa tem encontrado eco na grande imprensa, que, assim como os entrevistadores do programa da TV Cultura, frequentemente ignora questões cruciais e não pressiona por respostas diretas.
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